indústria 4.0

O termo Indústria 4.0 nasceu em 2011 na na feira anual da cidade de Hannover, referindo-se a uma estratégia do governo alemão com o objetivo de modernizar ainda mais a indústria alemã com fábricas inteligentes.

A indústria alemã dessa época sofria um esvaziamento com muitas fábricas sendo instaladas na China e além disso a mão de obra alemã era cara e pouco produtiva.

Desenvolvendo a indústria

Em 2013 o governo alemão criou um fórum de desenvolvimento da indústria com o objetivo de trazer novamente as fábricas para a Alemanha, criar novos empregos e desenvolver o país através do uso massivo de tecnologias de ponta já existentes.

Esse foi o berço da Indústria 4.0.

A aplicação de tecnologia na indústria não é uma novidade em si, porém o que muda com a Indústria 4.0 é a aplicação e fusão das mais recentes tecnologias exponenciais em operações de alta complexidade com uma produtividade muito acima do comum.

O desafio de capacitar profissionais

A indústria 4.0 exige um novo tipo de profissional com novas habilidades para utilizar tecnologia de ponta nas fábricas inteligentes a fim de ganhar competitividade.

As instituições de ensino estão tendo que repensar seus currículos para atender a demanda.

Veja mais sobre a Indústria 4.0 no vídeo a seguir:

Porque 4.0?

A Indústria 4.0 também é chamada de Quarta Revolução Industrial, portanto o 4.0 é justamente a ligação com as revoluções industriais.

Para fazer um contexto histórico, podemos relembrar as revoluções industriais anteriores.

Quando falamos em revolução sempre vem à tona uma grande mudança, vamos viajar um pouco no tempo e relembrar a história.

Primeira Revolução Industrial – 1760 a 1840

Tem como característica principal a máquina a vapor, que por sua vez deu início à produção mecânica. A expansão das ferrovias é um fato marcante dessa revolução.

Segunda Revolução Industrial – final sec. XIX até meados do séc. XX

Caracterizada pela eletricidade e linha de montagem que dá início à produção em massa.

Terceira Revolução Industrial

A terceira revolução industrial iniciou-se aproximadamente em 1960 e também chamada de revolução digital.

A revolução digital e foi ocorrendo ao longo das últimas décadas de acordo com a evolução da tecnologia digital.

  • Década de 1960 – Mainframes
  • Década de 1970 a 1980 – Surgimento dos computadores pessoais.
  • Década de 1990 – Internet

A quarta revolução industrial

As 3 revoluções industriais anteriores trouxeram todas grandes mudanças tecnológicas, sociais e econômicas, mas podemos observar uma coisa em comum a todas elas: a transição da força muscular do homem para a força mecânica.

A quarta revolução industrial, onde temos a indústria 4.0 é diferente das anteriores pois trata da fusão de tecnologias emergentes, inovações generalizadas e ainda acrescenta a interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos.

Para entender melhor a quarta revolução industrial vamos observar as palavras de Klaus Schwab:

“A quarta revolução industrial, no entanto, não diz respeito apenas a sistemas e máquinas inteligentes e conectadas. Seu escopo é muito mais amplo. Ondas de novas descobertas ocorrem simultaneamente em áreas que vão desde o sequenciamento genético até a nanotecnologia, das energias renováveis à computação quântica. O que torna a quarta revolução industrial fundamentalmente diferente das anteriores é a fusão dessas tecnologias e a interação entre os domínios físicos, digitais e biológicos.”

Schwab, Klaus. A Quarta Revolução Industrial

Características

Para um sistema ser considerado Indústria 4.0 ele deve incluir:

  • Interoperabilidade – o sistema permite a comunicação entre sensores, máquinas e seres humanos.
  • Transparência da informação – o sistema criam uma cópia virtual do mundo físico usando sensores, de forma a dar um contexto à informação.
  • Assistência técnica – o sistema deve ter habilidade de dar suporte a humanos em tomada de decisão e em tarefas muito difíceis, ou até mesmo em tarefas que não são seguras para o ser humano.
  • Tomada de decisão descentralizada – o sistema deve ter a habilidade de ter autonomia para tomada de decisões simples e ser o mais autônomo possível.

Os 9 pilares da indústria 4.0

A Indústria 4.0 tem como pilares tecnologias de ponta que apoiam o desenvolvimento e proporcionam grande aumento da produtividade, são elas:

  1. Realidade aumentada;
  2. Integração de sistemas;
  3. Integração intercadeia de fornecimento;
  4. IoT (Internet das coisas);
  5. Inteligência Artificial;
  6. Manufatura Aditiva;
  7. Big Data;
  8. Nuvem (Cloud computing);
  9. Segurança Cibernética.

A aplicação em conjunto dessas tecnologias na indústria além do aumento de produtividade traz mais velocidade, confiabilidade e inovação permitindo mudanças disruptivas.

O atual estágio da indústria 4.0 no Brasil

Segundo recente pesquisa da CNI , o uso de tecnologias digitais na indústria brasileira é pouco difundido. Do total das indústrias que responderam a pesquisa,  apenas 58% conhecem a importância dessas tecnologias para a competitividade da indústria e menos da metade as utiliza.

No Brasil, ainda segundo a pesquisa da CNI, as tecnologias mais citadas em utilização pelas indústrias nacionais foram:

  • automação digital sem sensores;
  • prototipagem rápida ou impressão 3D;
  • utilização de serviços em nuvem associados ao produto;
  • incorporação de serviços digitais aos produtos em diferentes estágios da cadeia industrial.

Iniciativas brasileiras

No Brasil surgiu em 2017 o GTI 4.0, grupo formado por associações, indústrias e governo que visa incentivar a indústria 4.0.

O GTI 4.0 elaborou uma Agenda Brasileira para a Indústria 4.0 cujas premissas principais são as seguintes:

  1. Fomentar iniciativas que facilitem e habilitem o investimento privado, haja vista a nova realidade fiscal do país;
  2. Propor agenda centrada no industrial/empresário, conectando instrumentos de apoio existentes, permitindo uma maior racionalização e uso efetivo, facilitando o acesso dos demandantes, levando o maior volume possível de recursos para a “ponta”;
  3. Testar, avaliar, debater e construir consensos por meio da validação de projetos-piloto, medidas experimentais, operando com neutralidade tecnológica;
  4. Equilibrar medidas de apoio para pequenas e médias empresas com grandes companhias.

Redução de custos

Segundo levantamento da ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, a estimativa anual de redução de custos industriais no Brasil, a partir da migração da indústria para o conceito 4.0, será de, no mínimo, R$ 73 bilhões/ano.

Etapas da Agenda brasileira para a Indústria 4.0

Segundo a ABDI, a atualização do setor produtivo no país deve seguir oito etapas principais:

  • Sensibilização – conscientizar os empresários sobre a necessidade de modernização da indústria.
  • Avaliação e oportunidades de negócios – oferecimento de uma plataforma para saber quais os primeiros passos rumo à transformação digital.
  • Fábricas do futuro – construção de ambientes reais para testes de soluções inovadoras (ou testbeds) que ficarão disponíveis para as indústrias que desejarem testar tecnologias inovadoras.
  • Conexão entre startups e indústrias – programa Startup Indústria 4.0, desenvolvido pela ABDI.
  • Financiamento – opção de linhas de crédito especiais, pensadas para a modernização das plantas produtivas.
  • Mercado de trabalho –  formar mão de obra qualificada, através da formação de professores  de educação profissional e tecnológica em indústria 4.0, além da capacitação de alunos da rede federal.
  • Comércio internacional – inclusão da indústria 4.0 em todos os acordos comerciais dos quais o Brasil faz parte e a redução ou dispensa de impostos para facilitar a entrada de novas tecnologias tais como robôs industriais e impressoras 3D.
  • Revisão de normas –  visando aprovação e atualização de normas nacionais para acelerar a adoção das novas tecnologias no parque industrial, além de dispositivos para dar segurança jurídica.

Conclusão

A implantação da Indústria 4.0 no Brasil ainda está engatinhando se formos comparar com países mais desenvolvidos, apesar disso, iniciativas como o GTI 4.0 e a Agenda Brasileira para a Indústria 4.0 são um marco muito importante para a indústria nacional.

É necessário o apoio da liderança para que as indústrias invistam e construam seus próprios planos de inovação e tecnologia, a fim de atingir um nível de maturidade necessário para a implantação da Indústria 4.0.

O nível de maturidade inclui também uma mudança cultural e grande investimento nas pessoas a fim preparar profissionais capazes de fazer uma fábrica inteligente em um ambiente de trabalho de alta produtividade.

O apoio do governo e associações é fundamental para que os industriais nacionais consigam lograr êxito nessa evolução que certamente trará benefícios para toda a sociedade brasileira.

Eduardo Rodriguez Casavella

Especialista em Gestão Estratégica de Negócios

Referências:

http://www.portaldaindustria.com.br/estatisticas/sondesp-66-industria-4-0/
http://www.industria40.gov.br/
https://www.abdi.com.br/
Schwab, Klaus. A Quarta Revolução Industrial – 1a. Edição – Edipro
Junqueira, Fernando Carlos. O impacto da Indústria 4.0 no emprego, nas empresas e
na vida! . Edição do Kindle.
FIA